Docentes e pesquisadores de áreas como Serviço Social e Saúde Coletiva irão analisar dados e colocar em debate a qualidade do acesso à saúde por migrantes e refugiados que já viviam em diversos municípios do Brasil durante a pandemia da Covid-19. Este é o tema do II Seminário Acesso à Saúde e Vulnerabilidades de Migrantes Internacionais no Contexto de Disseminação da Covid-19: uma pesquisa interinstitucional em rede colaborativa, que conta com a participação de pesquisadores da UEL. O evento é uma realização do Grupo de Pesquisa em Processos de Migrações Internacionais e Saúde Coletiva (Promigras), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e será realizado no dia 31 de agosto, contando com transmissão online. As inscrições permanecem abertas até a data do evento.
Os dados referentes ao acesso à saúde por migrantes que vivem na Região Metropolitana de Londrina (RML) foram produzidos e sistematizados por uma equipe formada pelas docentes do Departamento de Serviço Social da UEL, Líria Bettiol Lanza e Evelyn Secco Faquin, e pelos pós-graduandos Caroline Remedi, João Ricardo Lemes e Óscar Souza. Conforme pesquisas anteriores do próprio Departamento de Serviço Social, são mais de 180 migrantes internacionais vivendo na região de Londrina. A maioria vem de países como Haiti, Bagladesh, Colômbia e Senegal, além de países cuja língua portuguesa é o idioma oficial – casos de Angola e Guiné-Bissau.
Em linhas gerais, os migrantes instalados na Região Metropolitana de Londrina (RML) tiveram acesso à vacina contra a Covid-19 e seguiram as orientações das autoridades sanitárias, trazendo crenças e tratamentos alternativos em sua bagagem, explica a professora. “Destacamos a presença de elementos multiculturais, como o uso de chás de ervas medicinais para o cuidado em saúde no contexto da pandemia, o que demonstra a importância de nosso sistema de saúde considerar também outras lógicas de cuidado à saúde e integrá-las”, destaca a professora Líria Lanza.
Com as pesquisas, explica, foi possível levantar dados sobre aspectos mais amplos da vida dos migrantes internacionais e constatar que os desafios já registrados anteriormente à pandemia persistiram na rotina destes novos moradores. Conforme a professora, o grupo de pesquisadores encontrou dados que servem para fomentar análises sobre os aspectos do acesso dos migrantes aos serviços públicos, especialmente à saúde, e também sobre outros componentes da sua integração no território, trabalho e convivência comunitária.
“Os dados focam no contexto da pandemia, mas entendo que podem auxiliar a desenhar políticas públicas mais eficazes, considerando as particularidades dos migrantes que são necessidades mas também potencialidades para o aprimoramento do SUS e para uma cidade mais multicultural e integradora”, avalia a docente.
Os próximos passos deste trabalho, diz, é realizar uma série de entrevistas com a gestão pública da política municipal de saúde, profissionais de saúde e com uma associação de migrantes.
Integram o grupo de pesquisa docentes e pós-graduandos das universidades federais de Mato Grosso (UFMT), Santa Catarina (UFSC), Uberlândia (UFU) e São Paulo (Unifesp), além da UEL e da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc).